Director do Centro Cultural
Brasil-Mocambique, Dr. Gabriel Borges, saudando os presentes e apresentando a
escritora Paulina Chiziane que fez a apresentação da obra NDINEMA vai à Escola.
Prezado leitor, seja bem-vindo ao meu blogue! Conforme a minha biografia, sou a Fátima Langa, escritora e jornalista.Uso o pseudónimo "Avozinha". Sou uma mulher atrevida e muito curiosa. Pelo que, muitas vezes, me pergunto o que seria do homem, se não fosse curioso e atrevido. Lançar este blogue é como uma prece que dirijo a si, meu leitor de boa vontade, na esperança de que me possa corrigir, elucidar e encorajar. Cordialmente, Avozinha (Fátima Langa)
sábado, 16 de abril de 2016
FOI MUITO IMPORTANTE PREENCHER UM VAZIO QUE EXISTIA NA MINHA VIDA
No dia da celebração do 58º aniversário da vila de
Mandlakaze a 09 de Novembro, vila onde aprendi a falar a língua portuguesa aos
sete anos e entrar numa escola primária, foi muito importante fazer uma exposição
das minhas obras e oferecer alguns livros da minha autoria ao Município na
pessoa da sua presidente a sra. Maria Helena Langa, para ela fazer entrega aos
bairros sobre a sua jurisdição. Tive oportunidade de oferecer mais cerca de
duzentos livros de outros autores como forma de incentivo ao gosto pelo livro e pela leitura.
OS DOIS RATINHOS
Aventura dos ratinhos Roy e Ray
O ratinho Roy vivia numa toca num dos cantos de uma rica
vivenda no centro da cidade das acácias.
Engordava de dia
para dia pela boa comida que roubava na despensa. Roía o queijo, bolachas,
amendoim e tudo mais que lhe apetecesse.
Vivia com muita fartura, o que fazia dele um personagem
muito especial.
Sempre que o roedor surripiava mantimentos, deixava cair
migalhas no chão, o que servia de chamariz de formigas e de baratas.
Mimi, a dona da mansão já não sabia o que fazer para
acabar com os bichinhos que assaltavam a sua casa. Várias vezes pulverizava com
inseticidas, porém quando acreditava que já exterminara os nojentos insectos,
para seu espanto, lá via baratas e formigas jornadeando pela casa.
Roy o inescrupuloso morador da mansão, sempre se esquivando
das caçadas dos seus banqueteadores, vivia uma vida muito regalada.
Era Verão, num fim de manhã em que o sol estava
abrasador, Roy decidiu dar um passeio para se refrescar e, atraído pela brisa
refrescante, sem se aperceber, foi caminhando até ultrapassar o limite do
terreno à volta da mansão.
Sempre andando, esquivando-se dos carros, motorizadas,
bicicletas e pessoas, sorrateiramente, atravessou a zona dos prédios e sem se
dar conta de que estava a sair da cidade, para espanto seu achou-se no meio de
um enorme matagal com capim alto e muita vegetação, o que o deixou muito
assustado, pois antes nunca tinha estado no mato. A sua vida tinha sido toda na
cidade.
Caminhava lentamente contemplando e deliciando-se daquele
ambiente estranho mas que a sua frescura o enchia de prazer quando a dado
momento a sua frente vê um ser da sua espécie.
Era um ratinho
semelhante a si, mas muito maltratado. Muito magro, pele um pouco enriçada com
um ar muito triste espelhando dificuldade de vida que enfrentava. Cruzaram-se
os olhares e ambos ficaram bastante curiosos e maravilhados.
A curiosidade cantou mais alto e aproximaram-se um do
outro.
Desculpa amigo, és tão parecido comigo! Quem és?
Sou um rato e chamo-me Roy.
Prazer em conhecer-te Roy, eu chamo-me Ray e vivo ali
mais adiante numa bela toca e tu onde vives?
Eu não vivo numa toca. Vivo numa bela mansão onde não me
faltam queijo e pão. Queres vir comigo para conheceres, amigo?
Quero sim amigo, eu nunca saí desta mata. Conversaram
bastante passeando pelo campo e apresentou-lhe as maravilhas e a tranquilidade
em que vivia.
Levou-o a conhecer os animais com que convivia,
ratazanas, coelhos, macacos, borboletas e muitos outros.
Encantado, por sua vez Roy convidou Ray para conhecer a
sua casa, o que ele aceitou de imediato. Caia já o crepúsculo, com muita
propriedade atravessaram matagal entrando na cidade já iluminada. Foi um
verdadeiro martírio. Tinham que se esquivar de carros e pessoas que circulavam
em todas as direcções.
Ray ficou maravilhado. Apesar da dificuldade de
circulação, nunca antes imaginara tamanha beleza. Os reclames luminosos e todo
o colorido da cidade eram o máximo para si. Tinha vivido sempre no mato e nunca
imaginara tamanha beleza e sorrateiramente entraram na mansão
Os donos da casa dormiam e Roy muito confiante, levou a
amiga a visitar a despensa onde se deleitaram roendo tudo o que lhes apeteceu
até não poderem mais.
Todos os dias, os dois amigos visitavam a despensa onde
comiam e depois levavam o que pudessem.
Ray andava eufórica não pensava sequer retornar a mata.
Havia até perdido o medo inicial de visitar a despensa . Circulava na casa
sozinho e apoderava-se do que quisesse.
Certa noite, convencidos de que os donos da casa dormiam,
o Roy tomando a dianteira entrou na cozinha, desta vez atraído pelo bom cheiro
de uma carne assada. Atirou a tampa da panela para o chão e meteu a cabeça para
o seu interior sem se dar conta da presença do esposo da Mimi, o Vitendo.
Com mestria, o
Vitendo pegou num pau de vassoura e com muita força bateu no ratinho Roy que de
imediato caiu estatelado.
Para mais leitura, adquira a obra!
Para mais leitura, adquira a obra!
A COBRA GOGODO
– Karingana wa karingana...
‒ Karingana!
– Karingana wa karingana…
Entre a aldeia de Chaguala e a povoação comercial onde se
situavam as lojas, o posto de saúde e a escola, encontrava-se uma densa mata na
qual havia uma árvore denominada intsondzo,
que escondia um grande perigo.
Gerações e
gerações conheciam a fama do perigo daquela pequena intensa mata. Haviam
desaparecido dezenas de pessoas, especialmente
crianças que não tinham acatado o conselho dos pais, de não passarem por
ali.
Falava-se de bruxaria e muitos outros mitos, que ninguém
desmistificava.
A única certeza
era a de ser muito perigoso passar-se por ali.
Muasse, uma senhora que tinha vindo parar àquela aldeia
não se sabia vindo de onde, vivia sozinha numa palhota a cair de velha.
O caniço que
servia de parede já apresentava fendas enormes por onde um cão ou mesmo uma
pessoa pequena podia penetrar sem grandes dificuldades. Por alguma razão
obscura, a pobre mulher não gozava simpatia da vizinhança, que nutria por ela
um grande desprezo por causa do aspecto, talvez pelo rosto marcado de chagas e
cicatrizes.
Ninguém entrava naquela casa.
Certa vez, um grupo de crianças que brincava nos
arredores da casa da velha Muasse, sentindo sede, entrou na casa para pedir uma
caneca de água, pois estavam cheios de sede e o sol queimava muito e já não
suportariam chegar mais longe.
Solícita, a idosa
deu água fresquinha aos petizes e não só, deu-lhes também a comer uns amendoins
cozidos e secos de que os meninos se deliciaram e muito gostaram. O ambiente
foi tão terno que os meninos ganharam a simpatia da velha. Já tinham ficado um
bom tempo, quando viram que se tornara tarde e, agradecidos, despediram-se :
- Muito obrigada, avozinha. Esta conversa está muito
boa, mas temos que seguir caminho, antes que escureça e viremos vítimas do
gogodo.
- Quem é gogodo,
meninos?
- Não sabes, avó? Lá mais adiante existe uma enorme
árvore onde uma cobra muito grande, frequentemente, pica a cabeça e a pessoa
morre na hora. O pior é que a árvore está situada junto a um estreito carreiro,
tendo do outro lado uma escavação muito grande. As pessoas da aldeia com alguns
caçadores, já por diversas vezes tentaram caçar e matar o bicho mas não
conseguiram.
- Oh! Meus meninos. Eu nunca tinha ouvido falar nisso!
Na verdade eu vivo
sozinha não tenho amigos e não tenho quem me conte nada. Muito obrigada,
meninos, eu vou estudar como ajudar a exterminar essa serpente.
No dia seguinte, a mulher solitária teve a ideia de
cozinhar uma papa. Ainda bem quente, meteu-a num pote que carregou na cabeça, e
meteu-se pelo caminho que ia dar à árvore de gogodo...
Para mais leitura, adquira a obra!
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