sábado, 16 de abril de 2016

A COBRA GOGODO


– Karingana wa karingana...
Karingana!
– Karingana wa karingana…
Karingana!


Entre a aldeia de Chaguala e a povoação comercial onde se situavam as lojas, o posto de saúde e a escola, encontrava-se uma densa mata na qual havia uma árvore denominada intsondzo,  que escondia um grande perigo.
Gerações e gerações conheciam a fama do perigo daquela pequena intensa mata. Haviam desaparecido dezenas de pessoas, especialmente  crianças que não tinham acatado o conselho dos pais, de não passarem por ali.
Falava-se de bruxaria e muitos outros mitos, que ninguém desmistificava.
 A única certeza era a de ser muito perigoso passar-se por ali.
Muasse, uma senhora que tinha vindo parar àquela aldeia não se sabia vindo de onde, vivia sozinha numa palhota a cair de velha.
 O caniço que servia de parede já apresentava fendas enormes por onde um cão ou mesmo uma pessoa pequena podia penetrar sem grandes dificuldades. Por alguma razão obscura, a pobre mulher não gozava simpatia da vizinhança, que nutria por ela um grande desprezo por causa do aspecto, talvez pelo rosto marcado de chagas e cicatrizes. 
Ninguém entrava naquela casa.
Certa vez, um grupo de crianças que brincava nos arredores da casa da velha Muasse, sentindo sede, entrou na casa para pedir uma caneca de água, pois estavam cheios de sede e o sol queimava muito e já não suportariam chegar mais longe.
 Solícita, a idosa deu água fresquinha aos petizes e não só, deu-lhes também a comer uns amendoins cozidos e secos de que os meninos se deliciaram e muito gostaram. O ambiente foi tão terno que os meninos ganharam a simpatia da velha. Já tinham ficado um bom tempo, quando viram que se tornara tarde e, agradecidos, despediram-se :
- Muito obrigada, avozinha. Esta conversa está muito boa, mas temos que seguir caminho, antes que escureça e viremos vítimas do gogodo.
- Quem é gogodo, meninos?
- Não sabes, avó? Lá mais adiante existe uma enorme árvore onde uma cobra muito grande, frequentemente, pica a cabeça e a pessoa morre na hora. O pior é que a árvore está situada junto a um estreito carreiro, tendo do outro lado uma escavação muito grande. As pessoas da aldeia com alguns caçadores, já por diversas vezes tentaram caçar e matar o bicho mas não conseguiram.
- Oh! Meus meninos. Eu nunca tinha ouvido falar nisso!
 Na verdade eu vivo sozinha não tenho amigos e não tenho quem me conte nada. Muito obrigada, meninos, eu vou estudar como ajudar a exterminar essa serpente.
No dia seguinte, a mulher solitária teve a ideia de cozinhar uma papa. Ainda bem quente, meteu-a num pote que carregou na cabeça, e meteu-se pelo caminho que ia dar à árvore de gogodo...


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