quinta-feira, 9 de outubro de 2014

FOME

A aurora rompe a neblina
Não preguei olho
Rebolando, rebolando sem cessar
Minhas entranhas se roem
Sinto-as se entrelhaçando
Como se alguém as tecesse
Tecendo, tecendo talvez uma corda
Minhas entranhas se contorcem
Quantos dias sem saborear o manjar!
A fome é tanta
O sol queima tudo
O verde que é verde vira camaleão
Verde que vira amarelo
Verde que vira castanho
A fome é tanta
O sol queima tudo
O osso atirado ao lixo é só osso
Osso liso rejeitado até pelos cães
A fome é tanta que...
Cães disputam um pedaço de sabão
Oh! A fome é tanta



Fátima Langa

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