sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O COELHO E O RATO

                                        
Karingana wa karingana!
Karingana…
Karingana wa karingana!
Karingana…

Conta-se que há muito tempo, onde a cidade de Maputo está erguida era uma mata muito cerrada com capim alto, árvores e arbustros onde abundavam muitos animais. Cobras, coelhos, macacos, ratos, ratazanas, pássaros diversos, gafanhotos, lagartos e muitos outros animais.


Para atravessar a costa de Maputo para a Catembe não era tão fácil como hoje. Não havia ferry-boat. As pessoas e bens, atravessavam em barquinhos à vela e com muita dificuldade.

Catembe, também era mato por isso, era povoado por muitos animais. O movimento de pessoas só se notava junto ao sítio onde atracavam os barquinhos.

O coelho e o rato viviam na Catembe e eram muito amigos. A par e passo acompanhavam o desenvolvimento da zona onde viviam mas, tinham grande fascínio por Maputo, especialmente à noite com o colorido dos reclames, as luzes e muitos outros sinais luminosos. Os prédios altos e todo um conjunto de coisas que à distância agradava muito a vista dos dois.

Durante muito tempo os dois animais estudaram a forma de como atravessar de Catembe à Maputo. Queriam ver a grande cidade de perto, não podiam correr o risco de entrar no transporte dos Homens pois corriam riscos.
O coelho sabia que era carne preciosa para eles. O rato não ignorava a guerra que lhe fora declarada por ser roedor de tudo.

Depois de muito pensar, o coelho espertalhão lembrou-se da mandioca que podia ser a grande solução. A mandioca era fácil de se talhar e seria prático para o fabrico de uma canoa. Colocou o seu plano ao parceiro que aplaudiu a ideia e, sem mais delongas puseram mãos a obra.

Sem repouso durante alguns dias, trabalharam afincadamente e sobre o olhar de muitos curiosos concluíram a sua jangada. Depois de se certificarem de que estava tudo em ordem, os dois amigos fizeram-se ao mar.
 Viagem longa e muito agradável.

Já andavam ao sabor do vento havia algum tempo quando o rato começou a sentir fome. Sem avisar o amigo, lembrando-se de que a canoa era alimento, discretamente a foi roendo.
Dentada sobre dentada, a canoa furou-se fazendo um buraco que começou a infiltrar água para dentro.

 A fúria das águas se fez sentir e em pouco tempo a canoa afundou‒se.
Gerou-se um grande pânico. O Rato refugiou-se num caniço que andava a deriva nas turvas águas do Índico, onde alguns dias depois conseguiu atrelar-se a um barquinho à vela que com um pescador o acaso pusera junto a si.
Quando o barquinho chegou a costa o ratinho ia escapulir-se quando o pescador o descobriu e bateu-lhe com um pau mas ainda conseguiu fugir.

 Para seu espanto, o coelho a um canto ria-se a gargalhadas do rato pois ele, quando já não tinha nenhuma esperança, como que caído do céu, surgiu um barquinho cujos ocupantes julgando-o morto, recolheram-no e puseram-no sem cuidados no barco.
 Astuto nem se movia, porém mal alcançaram a terra firme o coelho para o espanto de todos deu um salto jamais visto e ficou escondido a ver se via o rato e foi assim que pôde assistir a sova que este levara.  

Os dois se reencontraram e juntos passearam pela grande cidade, à noite era a sua grande paixão os reclames luminosos lhes encantava porque a mata substituída por prédios, lojas e lindas vivendas ia desaparecendo e assim expostos com as suas vidas em perigo. 

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